terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Casa de Madeira

  E então, quando penso no futuro, idealizo paz. Por mais que mude o cenário e a figura de minha vida, nela sempre imploro por paz. Não aquela alegria exagerada. Isso é tão pouco. Paz é sólida, constante. Posso dizer que sinto isso pela primeira vez esse ano. E quando penso no que sinto, não posso não me lembrar do que canta alguém admirável, em versos brandos que dizem:
  "Quero viver a vida e nunca ser cruel.  Quero viver a vida e ser bom pra você, voar e nunca voltar, e viver minha vida com amigos em volta".
  Ele estava certo o tempo todo. Nós nunca mudamos. Nós nunca aprendemos.
  E acima de tudo, ele estava certo sobre ser mais fácil morar numa casa de madeira.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Capim dourado

Olhos apertadinhos que não parecem mentir
Se dizem que algo é belo, melhor acreditar
Se pedirem com jeitinho, não é possível negar.
No sorriso, dentinhos infantis
Sardas na pontinha do nariz.
Se mostra fraquinha, mas bem sei que é forte
Veio lá de baixo, aqui tomou seu porte
Uma mente aberta, sempre pensando
No peito, um coraçãozinho batendo e amando
Quem dera eu tivesse essa leveza
Involuntário com toda certeza.
Prometo a mim mesmo: um dia voar
E não voltar.
E nunca voltar.

domingo, 13 de novembro de 2011

Prospector

Ele avista terras distantes
Tripulação que não possui temor
Procurando por diamantes
Cavam na chuva, vento ou calor

Travou guerras em pedras e areia
Salvou os seus, não fugiu da dor
Venceu todas, mesmo que não creia
O plebeu se torna Imperador

Não lhe faltava luxo e dinheiro
Só lhe era escasso o que sempre amou
Em seu Castelo, era um prisioneiro
Não deixara de ser um explorador

Renunciando poder e direito
Tomou a pá e disse em fervor
"Destas jornadas meu prazer é feito!"
Era um eterno Prospector

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Raposa

  O que quer dizer isso, quando alguém sobre quem você nada sabe te inspira tanto?
É estranha a expectativa que se cria ao saber nem que seja um pedacinho de tal vida. E é diferente. É completamente diferente de tudo que já se viu.
  Você começa a entender que há algo melhor em algum lugar.
  Você começa a criar situações de paz onde tal inspiração se enche de significado.
  Beleza seca. Beleza trigo, engasgante. Tudo lá. Como pôde odiar um dia? Então você chega a conclusão de que nunca odiou. Almejou. Desejou proximidade. Se encantou de fato. Com aquela falta de cor. Mudança de cor, de temperatura. Nada é uma certeza em quem te inspira.
  E te vem a loucura só de pensar naquilo que inspira quem te inspira. Você pede uma continuidade que de fato não haverá. Que lindo seria esse encontro. Não é só você quem diz, mas quem julga conhecer os dois lados. Vocês teriam muito o que conversar.
  Você vai tentar. Jura que vai tentar se basear nesses aspectos de tons pastéis. Mas nunca superar. Quando se supera a inspiração, essa não passa de uma mediocridade.

sábado, 15 de outubro de 2011

Balanço de morango


Pessoas se movendo o tempo todo
Dentro de uma perfeita linha reta
Você não quer simplesmente fazer uma curva?
Já que é um dia tão perfeito
É um dia tão perfeito....
Agora o céu poderia ser azul, eu não ligo...
Sem você é uma perda de tempo
Poderia ser azul, eu não ligo...
Sem você é uma perda de tempo
Agora o céu poderia ser azul, poderia ser cinzento
Sem você eu estou a milhas de distância
Oh o céu poderia ser azul, eu não me importo
Sem você é uma perda de tempo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Postagem da Primavera



O meu amo sozinho
É assim como um jardim sem flor
Só queria poder ir dizer a ela
Como é triste se sentir saudade

É que eu gosto tanto dela
Que é capaz dela gostar de mim
E acontece que estou mais longe dela
Que da estrela reluzir na tarde

Estrela eu lhe diria
Desce à Terra
O amor existe

E a poesia só espera ver
Nascer a primavera
Para não morrer

Não há amor sozinho
É juntinho que ele fica bom
Eu queria dar-lhe todo o meu carinho
Eu queria ter felicidade

É que meu amor é tanto
Um encanto que não tem mais fim
E no entanto ela nem sabe que isso existe
É tão triste se sentir saudade

Amor eu lhe direi
Amor que eu tanto procurei
Ah quem me dera eu pudesse ser
A sua primavera
E depois morrer.

sábado, 17 de setembro de 2011

Prata dourada

O que  gosto na madrugada
É que como eu, é sozinha e silenciosa
Não saberei o nome da Rosa
Tinta que fere, misteriosa.
Mudança de planos forçada.

Lamentos que não vão embora
Agora, romper da aurora, só piora, a cada hora
Menos certeza, nem é tristeza, mas tenho a destreza
Dessa doença, e que me pertença o que pôde um dia.
Por pura inocência
O que gosto na poesia
É que assim como eu
Ela não pede coerência.

Bodas

  Chuva encharca mesmo as grandes cidades. Multidões de guarda-chuvas pra lá e pra cá, mas uma cabeça desprotegida chamava a atenção. Talves, mais pelo mar de branco que vestia e pela maquiagem, que agora já lhe escorria pelo pescoço. Uma noiva, sim! Molhada, na rua. Ela sorria, apesar dos pensamentos que a sensuravam. "Que deselegante fugir do próprio casamento!"sussurrou com ironia. E depois gargalhou. Que desabafo aliviante!
  Atravessou correndo do ponto de ônibus para a estação de barcas. A chuva era ainda mais barulhenta no mar.
  Olhou então, a jovem, para o infinito de àgua, agora já desfeito o penteado nupicial. Sorriu mais uma vez e o jogou. O oceano não precisou disputar o buquê com ninguém. Rosas vermelhas atingiram as ondas com um baque surdo.
  Depois disso, ela só queria ir para casa e vomitar seus problemas recém criados, mas rejeitou a ajuda do álcool.
  Já nem procurava mais se lembrar ro rosto do suposto noivo, quando, a um passo da loucura, sorriu pela terceira vez e seguiu o mais esvoaçante que a chuva lhe permitia, pelo eterno tapete vermelho que escolheu.

sábado, 27 de agosto de 2011

Centro

  Era tudo tão vertical e confortava tanta gente.
  Ela se espantava, de início. Pensou até que levaria meses pra se acostumar. Não foi bem assim. Logo já andava por si só entre as aglomerações de pessoas e prédios.
  Começou a gostar do que via. Fácil adaptação? Parabéns, parabéns. Porém...
  Tudo era grande e iluminado e distante. Distante do que ela queria. Ela nunca está satisfeita onde está. Em algum ponto do Sudoeste é que... Oh! Como são tristes as noites urbanas. Se dormimos, os aviões sussurram em nossas cabeças como mosquitos. Se não dormimos, nos decepcionamos com um amanhecer sem galo. Se saímos, só esbarramos em desconhecidos.
  E a ela, cabia o oposto do que a agradava: A solidão sem estar sozinha. Milhões de pessoas nas ruas. Nenhuma a chamaria pelo nome e a reconheceria com os olhos.
  Centro da cidade: Você acaba não sendo você. Você acaba sendo só uma pessoa
                       Ela nunca vai se adaptar.

Quarta

Meio de semana
Mão esquerda rabiscada
Havia uma palavra em alemão
Dois versos singelos de um refrão
Análise química, balanceada
E na cabeça, palavras variadas
Thebas, Tróia, Travesseiro, Tamanho
Teia, Tábua, Até, Estanho.

Meio de semana
Dia meia-boca
Sustos, sonhos, corujas
Livros, vontade, roupas sujas
Preocupações, espera, paciência
Ansiedade, raiva, ausência
Dia frio e amargo no ato
Quarta, dormindo, no quarto.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Violino

   Você nunca supõe que uma ida medíocre ao banco será a melhor parte do seu dia, até que acontece.
   Do lado de fora, escorado em uma coluna, o jovem violinista nos dava mais que a alegria de sua música. Dava-nos sorrisos. E a meu ver, sinceros.
   A pressa da cidade não me deixou contemplá-lo por muito tempo. Aqui é tudo tão corrido que penso que se eu paro para observar algo por mais de um minuto, acabarei sendo empurrada sob acusações de engarrafar a calçada.
   Continuei espiando-o da fila do banco. Ele parecia tão satisfeito de estar ali! Assim como eu agora também estava.
   E então chegou ao fim a melodia chorosa e harmônica. Olhei por cima das várias cabeças que se sucediam a mim na fila, e o músico estava abaixado junto à caixa do instrumento. Tudo que pude ver foram seus cabelos cor de trigo.
   Ele devia estar contando o lucro daquela tarde. Mas afinal, quanto vale a alegria de ter música em meio a tanto caos? Claro que a maioria passava ao lado dele e com certeza não sentia som algum. Jogavam uma moeda ou outra pelo costume de sempre fazerem isso com quem para na ponta da calçada.
   Eu nunca o daria dinheiro. Não é justo trocar algo tão nobre por um pedaço sujo de papel, cujo existem milhões de cópias por aí.
   Eu lhe retribuiria o sorriso, e talvez ficasse ali, ouvindo até ele se cansar. Mas ambos engarrafariam a calçada.
   Resolvi meus problemas burocráticos, mas o violinista já havia partido quando saí. Olhei para os lados em busca dele, mas nenhum sinal. Só a mesma aglomeração apressada de sempre. Respirei fundo e segui com eles, um pouco mais rápido que eu andaria, para me encaixar.
   Mas a cidade me pareceu mais bonita desde então. Por que apesar de tudo, agora sei que ela esconde o melhor músico que já vi: Um que distribuía sorrisos e não precisava de palcos.

domingo, 21 de agosto de 2011

Privação

Não há segregação na alegria
Alegria é alegria
Se não quiser ouvir uma, não ouvirá nenhuma.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Medo de altura

   E o pintor que se arrisca no décimo primeiro andar do edifício não sabe que o vejo da janela. Não sabe nem que está neste texto que escrevo. Talvez nunca saberá.
   Eu queria saber o que ainda não sei. Eu queria contar a ele que faz parte do que escrevo aqui. Mas é arriscado e tenho medo de altura.

Teoria

"Entre o que sentimos e o que escrevemos existe uma distância insalvável"
(Luciana di Leone)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

Uma mensagem

E eu não vou retirar o que eu disse.
Nem dizer que não era o que eu pretendia
Você é o alvo em que eu estou mirando
E eu não sou nada sozinho
Eu tenho que levar essa mensagem para casa

E eu não vou ficar aqui e esperar
Não vou deixar até que seja tarde demais
Em uma plataforma, ficarei de pé e direi
Que eu não sou nada sozinho
"E eu amo você, por favor venha para casa"

Minha canção é amor, amor desconhecido
E eu tenho que levar essa mensagem para casa.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sobre cor e som

  Algo que sempre aconteceu desde que eu me lembre: Imagino as letras do alfabeto acompanhadas de cores. Não porque eu pensei para pintá-las, mas sempre tiveram sua própria cor pra mim.
  Algumas são indefinidas e sempre serão, mas outras, mais legíveis que nunca.
  O "A" é feminino. Sempre o vi rosa. Assim como o "B" é azul escuro. O "C" é de um tom mais claro, meio piscina, enquanto o "D" é praticamente verde oliva.
  O "E" é definitivamente amarelo! A mais nítida das letras. Depois disso, há essa indefinição sobre as letras com as quais não me importo muito. Começa no "F", que não tem cor. (ou que eu não faço questão de colorir).
  Tudo volta a clarear no "M". Ele já foi bordô. Bem escuro. Hoje em dia está vermelhão! Berrando, bonito, emplumado. Passou toda essa vida pra seu visinho, "N", que antes era rosa (não tão rosa quanto o "A". Que fique bem claro!). O "N" hoje é de um vermelho calmo, desbotado do maioral e cintilante "M", que continua todo "leão". (quase o imagino em movimento). O "O" anda meio encardido. Quase pérola, apesar da força.
  O "R" é marrom, claro e forte. Quase tijolo, ou ferrugem. "S" é lilás transparente. Quase não tem som, ora essa! O "T" parece cor de fumaça e o "U" é azul-noite, mais escuro que o "B". E o "V" é muito vinho. Chega a ser fino. O resto volta a se embaralhar. Não penso muito em certas letras.
  E não há mesmo motivo para falar disso, mas acho bonito registrar as cores que sempre me acompanham enquanto escrevo ou falo.
  Prefiro que sejam assim do que monocromaticamente pretas.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Noite dessas

Coloco a cabeça para fora da janela e deixo que o mais forte dos ventos litorâneos brinque com meu cabelo. Ao mesmo tempo, fecho os olhos e deixo a boca esboçar um sorriso enquanto me lembro de cada palavra surpreendente que li, ouvi, falei, pensei e ensaiei dizer. Refleti sobre cada pedido nunca antes feito, que hoje poderia significar um "entre sem bater" e o quanto isso é importante, eu nunca poderei calcular. Ainda mais se considero a máxima "toda brincadeira tem um fundo real". Seus olhares tímidos agora se limitam aos meus exageros. Mas quando percebo, já exagerei.
   E já que confia em meus argumentos, devo pensar que sei lidar com as palavras e usá-las da melhor forma.
   Sempre foste minha maior inspiração. Acho incrível isso de um Ser Humano trazer tanta felicidade. É que ultimamente o que nos deixa feliz é um pedaço de papel que pode ser levado pelo vento. Ah, o vento! Tirou mesmo meu cabelo pra dançar. Eles rodopiam e rodopiam e rodopiam...

BR

verão na cidade, estou sozinha, sozinha, sozinha
entrei num protesto apenas para esbarrar em estranhos.
e eu senti chegando, mas também me senti triste e isso não me pareceu
muito digno agora.

verão na cidade significa separação, separação, separação.
e não me entenda errado, querido, em geral estou me sainddo muito bem
é apenas quando é verão na cidade, e você está tão distante da cidade
e eu começo a sentir saudade, às vezes

quando é verão na cidade, e você está tão distante da cidade
e eu começo a sentir saudade, às vezes.

(Regina Spektor)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Único

  Sorri e vira os olhos para a esquerda e direita, como se procurasse por uma resposta tímida e engraçada.
  Pede para que eu confesse. Pede sem querer. Inocência irônica que me alegra. O tanto que te confio é o tanto que te escondo as coisas. Sinto muito se não quero espantá-lo. Não é questão de querer, mas poder. É isso: Não posso espantá-lo. Me devo isso.
  "Seria um desespero perder alguém tão..." puxa, não consigo completar. Pensei em vários adjetivos, mas nenhum é completo. É o único que não consigo nomear. O único.
  Pensei por algumas horas que o havia perdido e foi simplesmente um inferno mental. Mas essa história pertence a outro texto.
  Já este é sobre tudo que vejo, tudo que decoro, tudo que sei, tudo que tento não transparecer. (digo "tento" porque não sou boa nisso. Sou péssima em qualquer tipo de fingimento). E também sobre tudo que me remete àquele olhar vacilante e curioso. Cada cor, cada som, cada cheiro, cada angústia, cada medo.

domingo, 31 de julho de 2011

Vermelho-Março

Nostalgia contemporânea
Quando outros eram outra coisa
Não volta, mas não precisa
Quem me faz feliz em todas as cores
Pode mudar de cor

Tem gente que precisa mesmo existir
Senão a vida seria cinza, cinza.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Folk-se

Gosto do Folk de todas as suas formas. E quando se trata dele, poso sentir aquele aroma confortável. Como quando o perfume está no corpo desde ontem. Cheiro amadeirado e incorporado à essência de cada pessoa. O Folk meio que tem vontade própria. Não é sempre que se pode sentir.
  Personalidade terrosa. O movimento sempre me trouxe sensação de paz. A instrumentalidade cigana é sem compromisso. Livre. Folk traz liberdade e ao mesmo tempo nos prende a ele. Traz também calor. Não o calor ruim e cansativo, mas aquele que a gente pede num dia frio. Deve ser todo aquele marrom. Marrom, vermelho, bege, vinho, roxo. Franja, camurça e flanela ( com o perdão do grunge, primo pobre). Folk nos dá mesmo a vontade de juntar todos seus elementos em um caldeirão e tirar a perfeição de lá.
  Essa veia é capaz de curar qualquer esgotamento. Meu terapeuta se chama Bob. Bob Dylan é mesmo muito bom. A música dele cheira a Macramê e perfume doce no papel. Gaita que chora comigo, ambas sem lágrimas. Bandolim que será jovem para sempre.
  Beirut pode ser perturbador, mas perturba só aquilo que temos de mau. Sei disso pela leveza que sinto após ouvir qualquer coisa deles. Vozes zonzas que limpam.
  Resta ainda a pessoa folk. Alguém bem caramelo. De olhos distantes, como se estivesse sempre compondo na mente, a mais bela das canções. Também parece ter sempre terra no cabelo. Aquela sujeira que a gente quer abraçar. São pessoas tão lindas! De todas as formas.
  Tenha a sorte de conhecer alguém bem folk. Por favor! Saberá ao vê-los. Terá a sensação de ver algo de palha e te transmitirão paz. Aquela paz que citei no início. Aquela paz e aquele calor.
  Pergunte se sabem tricotar, ou se tocam algum instrumento. Pergunte se gostam de pedras, flores secas, ou penas, ou se falam algum idioma esquecido pelo resto.
  Não esqueça de me contar como foi.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Fora de Órbita

  Deve mesmo ter sido um fim de semana terrível no Japão. Terrível como se um malvado roubasse a Lua e por isso a Terra começasse a tremer e a maré ficasse descontrolada. Foi tão feio que não noticiaram na tevê, por piedade do resto do mundo.
  Os heróis estavam festejando algo, sem se lembrar do dever com a humanidade. Ainda assim, por motivos de força maior, no mais preguiçoso dos dias, o Malvado devolve a Lua para sua órbita original. Fora tudo uma brincadeira.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Bagagem

E era tão real
Que eu só fazia fantasia
E não fazia mal.
E agora é tanto amor
Me abrace como foi
Te adoro e você vem comigo
Aonde quer que eu voe.
(Marisa Monte)

Timbre

Estranho
Aguardado
Doce
Leve
Libertador
Subestimado
Vivo
Arrepiante
Derretente
Amado
Infantil
Delicioso
Saudoso
Viciante
Conhecido
De dentro
Pra fora.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Certeza

Estou cada vez mais perto
Não sei do que
Mas estou
Certeza

Madrugada libanesa

Uma noite agradável. Muitas risadas, certas descobertas, sentimento de presença. Visão.
Estio. Houve esgotamento. Você se retira quando o que te interessa se retira.
Tudo parece cinza de repente. Janela fechada, estava frio.
Nem adiantava tentar dormir. Duas da manhã, corpo cansado, mente eufórica, ligada, voltava a fita. Não pela primeira vez, abafei crises de risos no travesseiro. Mas precisava dormir, afinal.
Três da manhã. Música costumava me acalmar. Tentei Chris Martin e sua fanhonice. Já havia um coro dele em minha cabeça fazia horas. Não funcionou.
Penniman! Mika Penniman! Bravo! Falemos um pouco dele, que faz música magicamente. Saiu do Líbano, ainda criança. País de guerras, aquele. O destino seria Paris, onde ficou tempo o bastante para aprender francês. E depois. Lodres! Oh, Londres! Eu simplesmente adoro o inglês do Sr. Penniman! Costumo gostar do inglês entrangeiro. (Menos o dos indianos. Tenham dó!).
Após doses de Mika, e de refletir um pouco sobre sua história, me lembrei que me assemelho: Certa tristeza por trás de tanta felicidade. Tantas cores em fundo cinza... Mas pensar profundamente sobre mim sempre provoca preguiça. Dormi, enfim. Esse libanês sempre me vale.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Vidro da janela

A aflição de segurar em sua mão uma criaturinha sem vida.
Queria poder fazer algo.
Queria ter poderes.
Mas quando começa a contemplar como é tão lindo.
Tão delicado.
Tão leve.
Havia uma rachadura no bico. Mal saía sangue.
Não havia um minuto, ainda estava voando.
E agora ali, tendo suas asas esticadas por mim.
É uma pena. Não. São várias. verdes, verdes.
Eu nunca fui em velório algum.
Mas imagina só, se já foi difícil me despedir daquele passarinho que nem conheci quando vivo.
Só a agonia de presenciar a morte nos deixa assim, saudosos. Bondozos.
Aquele bichinho nunca precisou de mim hora alguma
E agora eu acho que precisava dele ainda voando por aí.
Só voando. Sem eu nem ver.
Mas vivo.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Fanho

Ouço uma música.
Me distraio na letra
E de repente, por um segundo
É como se eu não coubesse em mim
Inutilmente, desejo ser a musica que aquela voz fanha parece amar tanto
Ser cantada por ele
Não me admiro daquelas musicas serem vaidosas
Já que são lindas e cantadas docemente por ele
Atravessam seus dentes nada convencionais
Quem dera eu pudesse ser pelo menos uma nota
Aquela contida na ode sobre lindos olhos verdes
É a minha favorita: Sol maior.

sábado, 25 de junho de 2011

Hiato

  Houve um tempo em que eu poderia fazer cinema. Era assustadora a quantidade de personagens e scripts que eu criava sem querer. E todas as pessoas,cada uma com sua personalidade, saíam de mim. E era preciso tão pouco. Bastava uma pedrinha no quintal ou o movimento que uma árvore fazia ao vento. Estavam todos ali. Dentro e fora de mim, de algum jeito. Eu sabia tudo que diriam, como diriam e o motivo. Eu já fui perita em criar histórias. Até boas. Eram como livros ilustrados na minha mente. Sempre ali, me acompanhando. Havia muito de mim em todas as minhas pessoinhas. Criaturas. Imagem e semelhança, humanos.
  Mas confesso que depois de você, todos morreram. Não consigo mais penetrar em meu próprio imaginário. Tento colocá-lo em alguma história. Não consigo. Tento fazer com que decore meus scripts, mas você é imprevisível. E sendo imprevisível, me cativa. Seu jeito não habita minha mente. E por não habitar, me encanta. Me faz preferir o real, me faz preferir aquilo que não escrevo e não controlo: A vida - Ela me parece melhor agora, sim. "Sim" sempre soa tão bem!
  Não quer dizer que eu tenha deixado meu mundo das ideias para trás. Você o habita. Mas te prefiro aqui, vivendo por si. E te preferir vivo é tão bonito pra mim, uma egoísta frustrada. E jaulas mentais não cairiam bem em você.
  E o melhor de tudo é saber que mesmo livre, não fugirá.
  E eu que pensei que encontraria inspiração em você. Se bem que...Se olhar para cima, você diria que eu encontrei. Sim.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sol e Netuno

- Eu te amo
- Por que?
- Hum?
- Me ama por quê?
- Ora, não me chateie com suas perguntas.
- Mas precisa haver um motivo.
- Mas eu não sei qual é. Não me apavore!
- Não pretendia.
- Tudo bem.
- E então, por que?
- Não vai desistir, não é?
- Não pretendo.
- Vejamos... Te amo porque também me ama.
- Tudo bem. Serve.
- Então me ama mesmo?
- Sim. Amo.
- E por que?
- Porque não há outro como você. É único no mundo.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Satélite

Esfera minguante de sorriso brilhante
Que vive viajando por toda a Terra
Pare de sorrir inutilmente e me diga
Onde nesse mundo está minha felicidade ambulante
Mas de tão sarcástica que é por me encarar todas as noites
Tenho certeza de que só responderia algo como:
Use um atlas
E voltando a sorrir para os outros
Deixaria no ar essa charada escura como uma noite sem ela: Lua.

Susto

Simplesmente não suporto
Quando aquela voz de dentro
Me pega distraída e grita:
Isso poderia dar certo.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Doçuras de Fevereiro

E em Fevereiro era tudo diferente
Eu tinha um olhar diferente
Eu capturava com uma sutileza
E agia com uma delicadeza
Eu era meio Lewis.
Eu fotografava Lewis, sentia Lewis, lia Lewis.
Eu tinha tanto desse nosso Jack em cada passo.
Mas as xícaras de chá e os livros começaram a crescer demais.
Tive medo que Fevereiro não acabasse.
E agora, sinto falta de devorar Lewis em todos os seus tamanhos.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Alívio

   Depois de um banho quente e vestir um pijama nem tão quente assim, vou dormir.
   Quase me esquecendo de que esse dia começou de maneira tão trágica e desesperada. Mas eu já devia saber que o Sol não sairia do céu sem que tudo se acertasse. Acho que são assim, os problemas. Eles não decidem seu desfecho baseando-se em nosso grau de preocupação. Problemas são testes de paciência e auto-controle. Mas mesmo sabendo disso sismamos em nos preocupar. Somos tão falhos. Confessando isso, deixo meu Boa Noite.
   E tenho certeza de que amanhã será um lindo dia, cheio de problemas que se resolverão antes das cinco, mas lindo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Engano

  Ri de mim mesma outro dia. Não precisa saber por que, mas só de pensar que eu errei... Difícil admitir um erro. Mas esse não tem escapatória.
  Confessei. Disfarcei.
  Agora, começar de novo, é claro. Mesmo meio decepcionada e sem energia.

sábado, 11 de junho de 2011

Monstro

"Que bom que nunca teve medo de mim" - pensei enquanto me recordava de outras situações. - "Nunca tive medo de nós também. Tem me parecido uma boa ideia, agora."

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Temporal

  E só os faróis mostram como as gotas de chuva dançam bem. Dançam ao som do capim se deitando. As árvores deitam-se também, em um tom mais agudo, mas essas não se ergueriam novamente.
  Nos meus olhos, mais cascalho que água. Os postes do bairro apresentavam uma luz embaçada. Poeira. Sim, trabalho do vento. E que vento! Nunca ventou assim.
  Mas agora, as nuvens afastaram a Lua de mim essa noite. A minha Lua.
  E você nunca diz o que sente. É que nem essa tempestade: Cheio de coisas bonitas, mas sem trovões.

sábado, 4 de junho de 2011

Devagações

  Página difícil de virar, você é. Me faz até duvidar da minha capacidade de superação.
Logo eu que aparentemente superei coisas dificílimas. Mas a pergunta é: Quero virar essa página? ou Preciso virar essa página? Não e não.
  E pensar que eu estava mirando no alvo certo de maneira errada.
  Será que eu ainda consigo reconhecer uma situação de perigo? Se bem que se tratando de você, qualquer coisa é perigosa. Não, se for olhar pelas suas convicções, mas sabe do meu medo de perder o que amo.
  Tem outra coisa que eu gostaria que soubesse também, mas..., não. Ainda não. Está ótimo assim.

Pequena

Já que era pra me dar tristeza, que fosse aquela tristeza interessante que valia a pena. Porque essa me deixa sonolenta. Essa é pouco. É pequena.

Elo

E nesse grande Universo
Cheio de motivos errados
Cheio de falsas coincidências
Cheio de segredos nos túmulos
Cheio de papo furado
Fui encontar nesse seu jeito tão belo
O Azul do meu Amarelo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Doce morte de Pauline Baynes

A escrivaninha estaria cheia de tubos de guache pela metade
e fileiras de canetas e pincéis desgastados.
Música de Handel tocava ao fundo
e os cães de Pauline estariam deitados em seus pés.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Hoje cedo

Que surpresa mais bela
Uma borboleta amarela
Pousou na minha janela
Eu disse "oi, amiguinha" a ela
Que acenou e voou singela.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Universo

Gosto quando alguém chega assim trazendo consigo todo um universo, e me deixa fazer parte sem pedir nada em troca.
Gosto mais ainda quando não é qualquer pessoa, e sim aquela que nunca será esquecida.
                                  Não por mim.

Nem tudo está perdido

Agora, eu nunca quis fazer mal a você
É isso que eu vim aqui pra dizer
Mas se eu estava errado, então me desculpe
Mas não deixe isso ficar no nosso caminho
Porque minha cabeça doí quando eu penso
das coisas que eu não devia ter feito
Mas a vida é pra ser vivida, todos nós sabemos
E eu não quero vive-lá sozinho

terça-feira, 24 de maio de 2011

Fique

Pensamentos vêm e vão
  Fluidamente
Ideias vêm e vão
  Infelizmente
Sentimentos vêm e vão
  Rapidamente
Amigos vêm e vão
  Tristemente
Lugares vêm e vão
  Silenciosamente
Você veio e ficou
  Alegremente, em minha mente
Não precisa ir
            Nem ser diferente
Apenas sorridente
         Escrevendo diariamente
 A história da gente.

Verdade

- O amor é lindo.
- Pelo menos rende bons textos.

domingo, 22 de maio de 2011

Destino

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Situação

"Alto da noite
 Certa loucura
 Algum álcool
 E muita solidão."
(Caio Fernando Abreu)

Essas coisas

"Gosto de olhar as pedras e o desenho do vento na superfície da água
 Gosto de sentir as modificações da luz quando o sol está desaparecendo do outro lado do rio
 Gosto de sentir o dia se transformando em noite e em dia outra vez
 Gosto de olhar as crianças brincando no corredor de entrada e das palmeiras que existem no meio da minha rua
 Gosto de pensar que vou sempre ter olhos para gostar dessas coisas
 E que por mais sozinho ou triste que eu esteja vou ter sempre esse olhar sobre as coisas.
(Caio Fernando Abreu)

Proveniente de Marte.

Nunca fui boa e certeira com sentimentos
Mas você chegou e descomplicou tudo
Deixou claro como o dia
Que ainda vale a pena
Ter um coração

Zonzóbulos

Gostaria de ter poderes. Poderes de zonzóbulos. E evitar coisas inevitáveis. Mas tudo que eu mais quero controlar, está por sua vez, fora de meu controle.

Espírito de criança.

Eu queria ter essa mente avulsa, leve, despreocupada.
Mas na minha só cabem esses fardos. Mesmo se estou rindo.
Cheia de fardos.

Apelido

 "E então o que você quer?" (não houve resposta falada. Mas uma pequena palavra paivara na mente. Nunca seria pronunciada após essa pergunta.)
 Pequena palavra essa que nunca saberá o que causa. Que nunca perderá noites de sono, pois possui a inocencia de não estar ciente da situação.
 Pequena palavra que não sabe o tanto que me perturba agradavelmente. Que abita minha cabeça a um tempo. E está aqui o tempo todo.
 Pequena palavra que poderia ser apelidada de vício. Um desses sem cura. Mas palavras e apelidos não podem ser apelidados.
 Mas isso não leva A lugar nenhum. Leva?

A parte mais difícil

"Eu queria poder fazer isso dar certo
 E a parte mais difícil
 Foi deixar ir sem despedaçar
 Você realmente partiu meu coração
 E eu tentei cantar
 Mas eu não conseguia pensar em nada
 Essa foi a parte mais difícil."

O sangue que subiu à cabeça

"Então ele disse: 'Eu vou comprar uma arma e começar uma guerra
 Se você puder me dizer alguma coisa  pela qual valha a pena lutar'."

Três letras

Três letras polissemânticas. Sempre presentes agora. Começaram assim, despercebidas, curiosas. Foram se aproximando, ronronando, implorando afeto, sorrindo e brincando. Vieram e ficaram, como quem não quer nada. Me pegaram. Me conquistaram. Acabou. Estou perdida, mas feliz.

Lua cheia

- Cada dia que passa, gosto mais de você.

Queria dizer o mesmo. Queria dizer "eu também", mas estava feliz. Estava sem palavras. E não queria estragar tudo com uma resposta insossa.

E o que tem a lua?! Ah, estava linda àquela noite.

Questionário

- Não quer falar com seus amigos?
- Não.
- Nem com seu melhor amigo?
- Não.
- Você está bem?
- Eu não sei.
- O que você quer?

Não houve resposta.

Padrão

Reto, então curvo
Solto, porém preso
Sorria, com tristeza
Falar, nunca pensar
Opinião, mas cópia
Estilo, roubado
Vontade, sempre reprimida
O feio bonito, acomodado
Amor, comprado
Tudo certo
Tudo errado.

Proposital

E quanto mais fico triste com isso
Mais percebo a dimensão do sentir.
O mal que faz bem
O bem que faz o Mal.

Roberta

" A mente é um copo vazio.
  E o conhecimento é o líquido.
  Então echemos parte desse copo quando lemos.
  Só estaremos prontos para a escrita
  Quando transbordar."
(Roberta Alves)