domingo, 31 de julho de 2011

Vermelho-Março

Nostalgia contemporânea
Quando outros eram outra coisa
Não volta, mas não precisa
Quem me faz feliz em todas as cores
Pode mudar de cor

Tem gente que precisa mesmo existir
Senão a vida seria cinza, cinza.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Folk-se

Gosto do Folk de todas as suas formas. E quando se trata dele, poso sentir aquele aroma confortável. Como quando o perfume está no corpo desde ontem. Cheiro amadeirado e incorporado à essência de cada pessoa. O Folk meio que tem vontade própria. Não é sempre que se pode sentir.
  Personalidade terrosa. O movimento sempre me trouxe sensação de paz. A instrumentalidade cigana é sem compromisso. Livre. Folk traz liberdade e ao mesmo tempo nos prende a ele. Traz também calor. Não o calor ruim e cansativo, mas aquele que a gente pede num dia frio. Deve ser todo aquele marrom. Marrom, vermelho, bege, vinho, roxo. Franja, camurça e flanela ( com o perdão do grunge, primo pobre). Folk nos dá mesmo a vontade de juntar todos seus elementos em um caldeirão e tirar a perfeição de lá.
  Essa veia é capaz de curar qualquer esgotamento. Meu terapeuta se chama Bob. Bob Dylan é mesmo muito bom. A música dele cheira a Macramê e perfume doce no papel. Gaita que chora comigo, ambas sem lágrimas. Bandolim que será jovem para sempre.
  Beirut pode ser perturbador, mas perturba só aquilo que temos de mau. Sei disso pela leveza que sinto após ouvir qualquer coisa deles. Vozes zonzas que limpam.
  Resta ainda a pessoa folk. Alguém bem caramelo. De olhos distantes, como se estivesse sempre compondo na mente, a mais bela das canções. Também parece ter sempre terra no cabelo. Aquela sujeira que a gente quer abraçar. São pessoas tão lindas! De todas as formas.
  Tenha a sorte de conhecer alguém bem folk. Por favor! Saberá ao vê-los. Terá a sensação de ver algo de palha e te transmitirão paz. Aquela paz que citei no início. Aquela paz e aquele calor.
  Pergunte se sabem tricotar, ou se tocam algum instrumento. Pergunte se gostam de pedras, flores secas, ou penas, ou se falam algum idioma esquecido pelo resto.
  Não esqueça de me contar como foi.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Fora de Órbita

  Deve mesmo ter sido um fim de semana terrível no Japão. Terrível como se um malvado roubasse a Lua e por isso a Terra começasse a tremer e a maré ficasse descontrolada. Foi tão feio que não noticiaram na tevê, por piedade do resto do mundo.
  Os heróis estavam festejando algo, sem se lembrar do dever com a humanidade. Ainda assim, por motivos de força maior, no mais preguiçoso dos dias, o Malvado devolve a Lua para sua órbita original. Fora tudo uma brincadeira.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Bagagem

E era tão real
Que eu só fazia fantasia
E não fazia mal.
E agora é tanto amor
Me abrace como foi
Te adoro e você vem comigo
Aonde quer que eu voe.
(Marisa Monte)

Timbre

Estranho
Aguardado
Doce
Leve
Libertador
Subestimado
Vivo
Arrepiante
Derretente
Amado
Infantil
Delicioso
Saudoso
Viciante
Conhecido
De dentro
Pra fora.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Certeza

Estou cada vez mais perto
Não sei do que
Mas estou
Certeza

Madrugada libanesa

Uma noite agradável. Muitas risadas, certas descobertas, sentimento de presença. Visão.
Estio. Houve esgotamento. Você se retira quando o que te interessa se retira.
Tudo parece cinza de repente. Janela fechada, estava frio.
Nem adiantava tentar dormir. Duas da manhã, corpo cansado, mente eufórica, ligada, voltava a fita. Não pela primeira vez, abafei crises de risos no travesseiro. Mas precisava dormir, afinal.
Três da manhã. Música costumava me acalmar. Tentei Chris Martin e sua fanhonice. Já havia um coro dele em minha cabeça fazia horas. Não funcionou.
Penniman! Mika Penniman! Bravo! Falemos um pouco dele, que faz música magicamente. Saiu do Líbano, ainda criança. País de guerras, aquele. O destino seria Paris, onde ficou tempo o bastante para aprender francês. E depois. Lodres! Oh, Londres! Eu simplesmente adoro o inglês do Sr. Penniman! Costumo gostar do inglês entrangeiro. (Menos o dos indianos. Tenham dó!).
Após doses de Mika, e de refletir um pouco sobre sua história, me lembrei que me assemelho: Certa tristeza por trás de tanta felicidade. Tantas cores em fundo cinza... Mas pensar profundamente sobre mim sempre provoca preguiça. Dormi, enfim. Esse libanês sempre me vale.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Vidro da janela

A aflição de segurar em sua mão uma criaturinha sem vida.
Queria poder fazer algo.
Queria ter poderes.
Mas quando começa a contemplar como é tão lindo.
Tão delicado.
Tão leve.
Havia uma rachadura no bico. Mal saía sangue.
Não havia um minuto, ainda estava voando.
E agora ali, tendo suas asas esticadas por mim.
É uma pena. Não. São várias. verdes, verdes.
Eu nunca fui em velório algum.
Mas imagina só, se já foi difícil me despedir daquele passarinho que nem conheci quando vivo.
Só a agonia de presenciar a morte nos deixa assim, saudosos. Bondozos.
Aquele bichinho nunca precisou de mim hora alguma
E agora eu acho que precisava dele ainda voando por aí.
Só voando. Sem eu nem ver.
Mas vivo.