terça-feira, 27 de setembro de 2011

Postagem da Primavera



O meu amo sozinho
É assim como um jardim sem flor
Só queria poder ir dizer a ela
Como é triste se sentir saudade

É que eu gosto tanto dela
Que é capaz dela gostar de mim
E acontece que estou mais longe dela
Que da estrela reluzir na tarde

Estrela eu lhe diria
Desce à Terra
O amor existe

E a poesia só espera ver
Nascer a primavera
Para não morrer

Não há amor sozinho
É juntinho que ele fica bom
Eu queria dar-lhe todo o meu carinho
Eu queria ter felicidade

É que meu amor é tanto
Um encanto que não tem mais fim
E no entanto ela nem sabe que isso existe
É tão triste se sentir saudade

Amor eu lhe direi
Amor que eu tanto procurei
Ah quem me dera eu pudesse ser
A sua primavera
E depois morrer.

sábado, 17 de setembro de 2011

Prata dourada

O que  gosto na madrugada
É que como eu, é sozinha e silenciosa
Não saberei o nome da Rosa
Tinta que fere, misteriosa.
Mudança de planos forçada.

Lamentos que não vão embora
Agora, romper da aurora, só piora, a cada hora
Menos certeza, nem é tristeza, mas tenho a destreza
Dessa doença, e que me pertença o que pôde um dia.
Por pura inocência
O que gosto na poesia
É que assim como eu
Ela não pede coerência.

Bodas

  Chuva encharca mesmo as grandes cidades. Multidões de guarda-chuvas pra lá e pra cá, mas uma cabeça desprotegida chamava a atenção. Talves, mais pelo mar de branco que vestia e pela maquiagem, que agora já lhe escorria pelo pescoço. Uma noiva, sim! Molhada, na rua. Ela sorria, apesar dos pensamentos que a sensuravam. "Que deselegante fugir do próprio casamento!"sussurrou com ironia. E depois gargalhou. Que desabafo aliviante!
  Atravessou correndo do ponto de ônibus para a estação de barcas. A chuva era ainda mais barulhenta no mar.
  Olhou então, a jovem, para o infinito de àgua, agora já desfeito o penteado nupicial. Sorriu mais uma vez e o jogou. O oceano não precisou disputar o buquê com ninguém. Rosas vermelhas atingiram as ondas com um baque surdo.
  Depois disso, ela só queria ir para casa e vomitar seus problemas recém criados, mas rejeitou a ajuda do álcool.
  Já nem procurava mais se lembrar ro rosto do suposto noivo, quando, a um passo da loucura, sorriu pela terceira vez e seguiu o mais esvoaçante que a chuva lhe permitia, pelo eterno tapete vermelho que escolheu.