segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Wanderlust

(Para o Luis, Lulu, Yuyu, LuiS2 que gosta tanto dessa palavra que poderia lambê-la como um picolé)
Permita que eu faça o discurso pedante porém sincero sobre minha recente necessidade.
Permita que eu tente explicar a vontade de sair. Sair daqui. Como já havia saído um dia de lá, e ao sair de mim, que eu me encontre em outro lugar.
Ou não encontre. Talvez seja melhor encontrar a outros. Ter outros, ser outros. Sair um pouco do "eu".
E que nessa wanderlust física e mental eu possa absorver o colorido de todos os horizontes de sons e ventos que eu até então não havia sentido.
Que eu possa encontrar um lugar para gritar sem que ninguém me ouça.
Que eu possa encontrar quem seja completamente diferente de mim para que eu precise de forças para entender
Que eu possa tocar o por do sol e farejar a felicidade.
Que eu possa esquecer o motivo pelo qual quis viajar e me lembrar de um futuro que ainda não aconteceu. 
Que eu possa pular numa poça de alegria e molhar quem estiver por perto.
Que eu possa experimentar sentimentos exóticos como se fosse comida tailandesa.
Que eu possa tomar decisões num piscar de olhos.
Que eu possa ver borboletas e flores no caminho.
Que hajam caminhos.
Que eu possa trazer de volta o que não cabe em nenhuma mala.
E que eu possa deixar por lá o que eu não mais precise.
Porque no fundo, toda viagem é pra fugir. E que eu possa voltar segura trazendo um novo mundo em mim.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Enfeveirada

   A vida deve ser mesmo cheia desses momentos grotescos de mudanças. Pra melhor, pra pior, pra diferente. Mudanças que nos obrigam a pensar em tudo de um ponto de vista egocêntrico. Não egoísta, mas fazem olhar para dentro. A vida exige que pensemos só em nós por pelo menos uma vez. Que façamos limpezas, que expiremos positividade. Não positividade surfista, mas uma bem real, uma que funcione. Que não seja só falada, mas sentida. Que disperse cada medo recente, cada remorso errado, cada preocupação com o insolucionável.
   A mudança em questão exigiu um pouco mais de mim do que nunca. Como se eu me pedisse uma fuga, um vazio, um recomeço. Aflorou-se então uma necessidade de deixar ir, de desapego (talvez motivado pelo amigo que martelou essa ideia em volta de mim todo o fim de semana), de abstinência necessária, da busca nostálgica pelo "como eu estava nessa mesma época, anos atrás" e por incrível que pareça, e parafraseando o que um dia li num desses sites esotéricos, cada ser tem sua época do ano para fazer um balanço e providenciar uma diferença que seja na percepção ou ação.
   Dessa busca pelos meus passados fevereiros e marços, uma recapitulação do início de singelas relações aflora a vontade de dizer para cada pessoa o quanto ela é importante e quão peculiar a vida foi ao proporcionar tais encontros, de certa forma.
   Além de retomar o passado, essas mudanças no meu próprio eixo abrem gigantescas expectativas para o futuro, dando a impressão de que tudo ficará bem. Não de uma forma enganosa, mas principalmente, talvez, porque foi seguida à risca a instrução de deixar que tudo de mal fosse embora. Mesmo que beliscasse um pouquinho pra sair, mesmo que às vezes arda, foi arrancado, e não volta.
   E a previsão é de montanhas verdes e barulhos de cascatas com longas caminhadas cheias de palavras felizes ou de confortável silêncio, mas vazias de preocupação. E tudo que almeja no momento é se perder por entre as trilhas de cabelo cor de palha e sorrisos tímidos. Por entre cidades de pedra ou de papel. Ou de tesoura.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Confissão urgente (3h da manhã)

    Ai, é triste como sempre me dá uma vontade de você essa hora. Quando você já foi. Vontade de ficar conversando com você sobre coisas bobas e coisas nossas. Que só a gente vai entender ou achar interessante. Vontade de fazer alguma piada maldosa sobre você, que se vinga com cócegas (ou falando mal do Mika). Vontade de deitar do seu lado e te olhar com um sorriso bobo que eu sei que faço quando olho pra coisas que eu acho incríveis. E depois de me achar boba demais por só te olhar, pegar no seu cabelo, devagar, como se estivesse dormindo e eu não quisesse te acordar. E te beijar mesmo sem você pedir. Mesmo sem saber se você quer. Só pelo fato de eu querer. Vontade de poder te acordar agora no meio da noite só pra te dizer tudo isso. Pra dizer mais uma vez o quanto eu te amo. Porque cada vez é diferente. E essa diria "eu escolho você pra me fazer ter essas vontades. Eu escolho você pra me dar paz e me fazer feliz".