quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Céu claro de inverno

Pro meu Border Collie

   Naquela manhã  quando nos deitamos em silêncio, para não despertar o tempo e fazer com que ele passe, nos abraçamos o mais próximos possível e enquanto eu corria as pontas dos dedos pelo seu corpo, meus olhos estavam abertos acompanhando-os. E eu não fazia um mero carinho que qualquer ser afetuoso seja capaz de dar e receber. Eu estava tentando mapear suas constelações  de pintas e sardas. Decorando a posição  de cada vírgula e ponto final conferidos a seu corpo para eu não tropeçar nas palavras uma próxima vez.
   E se são constelações, sei que o universo nunca para de expandir-se. Seria então uma bobagem tentar mapear.
   Mas quando ficamos assim entorpecidamente unidos e sem pensar em mais nada, tenho certeza de que a Terra não está se movendo no espaço, até que me provem o contrário.