sábado, 25 de junho de 2011

Hiato

  Houve um tempo em que eu poderia fazer cinema. Era assustadora a quantidade de personagens e scripts que eu criava sem querer. E todas as pessoas,cada uma com sua personalidade, saíam de mim. E era preciso tão pouco. Bastava uma pedrinha no quintal ou o movimento que uma árvore fazia ao vento. Estavam todos ali. Dentro e fora de mim, de algum jeito. Eu sabia tudo que diriam, como diriam e o motivo. Eu já fui perita em criar histórias. Até boas. Eram como livros ilustrados na minha mente. Sempre ali, me acompanhando. Havia muito de mim em todas as minhas pessoinhas. Criaturas. Imagem e semelhança, humanos.
  Mas confesso que depois de você, todos morreram. Não consigo mais penetrar em meu próprio imaginário. Tento colocá-lo em alguma história. Não consigo. Tento fazer com que decore meus scripts, mas você é imprevisível. E sendo imprevisível, me cativa. Seu jeito não habita minha mente. E por não habitar, me encanta. Me faz preferir o real, me faz preferir aquilo que não escrevo e não controlo: A vida - Ela me parece melhor agora, sim. "Sim" sempre soa tão bem!
  Não quer dizer que eu tenha deixado meu mundo das ideias para trás. Você o habita. Mas te prefiro aqui, vivendo por si. E te preferir vivo é tão bonito pra mim, uma egoísta frustrada. E jaulas mentais não cairiam bem em você.
  E o melhor de tudo é saber que mesmo livre, não fugirá.
  E eu que pensei que encontraria inspiração em você. Se bem que...Se olhar para cima, você diria que eu encontrei. Sim.

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