quinta-feira, 7 de maio de 2015

Estrelas são fantasmas

"Fazia muito tempo que eu não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém, então era extraordinário que ele conseguisse perturbar assim os cantos de meus lábios".
  E fazia tempo que eu não sentia esse torpor bifásico oscilante entre meus versos preferidos de "death and all his friends" e um desespero sufocante, que embora durasse umas horas, eu media todo seu infinito.
  Sei que ando não gostando de muita coisa, ou de coisa alguma, ou dizendo nada, e de repente, tudo. Sei que aqui nenhum rebuscamento é capaz de esconder o cerne das palavras. Olhos treinados. Sei que não devia me mostrar tanto ao ponto de ser interpretada. Mas me desnudaram de uma forma interessante. E decoraram cada detalhe, cada cicatriz.
Sei que olhar para o céu é como olhar para o passado. Milhões de luzes que só existiaram anos atrás não têm me dito nada, ultimamente. E como poderiam?
  Ainda espero, então,  as anti luzes pra onde olhar a fim de ver o futuro como quem vê uma peça teatral, mas a natureza não nos dá certos privilégios. Antes, os damos nós. E nos arrependermos. E desarrependemos. E tentamos nos manter fiéis a nós, mas a mente é uma trapaça.
  O que nos mantém no chão não é mais a gravidade, tampouco convicção. Mas a busca efêmera por sentido. Um sentido que nem sabemos se existe. Que é como um fantasma que ouvimos soprar, mas pode ser só a janela.
  Porém, todos vivemos num mundo sem ventos de esperança, querendo acreditar nas almas penadas que conhecem além do Além onde vivem.
  Faz pouco tempo que até as poucas coisas que eu ainda gostava começaram a se desfazer.