sábado, 17 de setembro de 2011

Bodas

  Chuva encharca mesmo as grandes cidades. Multidões de guarda-chuvas pra lá e pra cá, mas uma cabeça desprotegida chamava a atenção. Talves, mais pelo mar de branco que vestia e pela maquiagem, que agora já lhe escorria pelo pescoço. Uma noiva, sim! Molhada, na rua. Ela sorria, apesar dos pensamentos que a sensuravam. "Que deselegante fugir do próprio casamento!"sussurrou com ironia. E depois gargalhou. Que desabafo aliviante!
  Atravessou correndo do ponto de ônibus para a estação de barcas. A chuva era ainda mais barulhenta no mar.
  Olhou então, a jovem, para o infinito de àgua, agora já desfeito o penteado nupicial. Sorriu mais uma vez e o jogou. O oceano não precisou disputar o buquê com ninguém. Rosas vermelhas atingiram as ondas com um baque surdo.
  Depois disso, ela só queria ir para casa e vomitar seus problemas recém criados, mas rejeitou a ajuda do álcool.
  Já nem procurava mais se lembrar ro rosto do suposto noivo, quando, a um passo da loucura, sorriu pela terceira vez e seguiu o mais esvoaçante que a chuva lhe permitia, pelo eterno tapete vermelho que escolheu.

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