sábado, 27 de agosto de 2011

Centro

  Era tudo tão vertical e confortava tanta gente.
  Ela se espantava, de início. Pensou até que levaria meses pra se acostumar. Não foi bem assim. Logo já andava por si só entre as aglomerações de pessoas e prédios.
  Começou a gostar do que via. Fácil adaptação? Parabéns, parabéns. Porém...
  Tudo era grande e iluminado e distante. Distante do que ela queria. Ela nunca está satisfeita onde está. Em algum ponto do Sudoeste é que... Oh! Como são tristes as noites urbanas. Se dormimos, os aviões sussurram em nossas cabeças como mosquitos. Se não dormimos, nos decepcionamos com um amanhecer sem galo. Se saímos, só esbarramos em desconhecidos.
  E a ela, cabia o oposto do que a agradava: A solidão sem estar sozinha. Milhões de pessoas nas ruas. Nenhuma a chamaria pelo nome e a reconheceria com os olhos.
  Centro da cidade: Você acaba não sendo você. Você acaba sendo só uma pessoa
                       Ela nunca vai se adaptar.

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